terça-feira, 2 de abril de 2013

"Tia Verde-Água" - a história por trás do nome

Há muitos, muitos anos atrás, num teatro de escola, representei a personagem principal desta história, pelo que se tornou parte da minha história pessoal... e já que aprecio tanto os trabalhos manuais que podem ser criados com "os 10 anõezinhos da Tia Verde-Água", bem... achei que este blog só podia ter este nome :)

Pois, para quem não conhece esta história tradicional portuguesa, aqui fica ela:


Era uma vez uma mulher casada, mas que se dava muito mal com o marido, porque não trabalhava nem tinha ordem no governo da casa.
Começava uma coisa e logo passava para outra, tudo ficava a meio, de forma que quando o marido voltava para casa à noite nem tinha o jantar feito, nem água para os pés, nem a cama feita.
As coisas foram andando assim, até que o homem lhe começou a bater, e ela a passar muito má vida. A mulher andava triste por o homem lhe bater, e tinha uma vizinha a quem se foi queixar, a qual era velha e se dizia que as fadas a ajudavam. Chamavam-lhe a Tia Verde-Água. 
– Ai, tia! Vocemecê é que me podia valer nesta aflição! 
– Pois sim, filha. Eu tenho dez anõezinhos muito trabalhadores, e mando-tos para tua casa para te ajudarem... 

A velha começou a explicar-lhe o que devia fazer para que os dez anõezinhos a ajudassem: que quando pela manhã se levantasse fizesse logo a cama, em seguida acendesse o lume, depois enchesse o cântaro de água, varresse a casa, arranjasse a roupa, e no intervalo em que cozinhasse o jantar fosse dobando as suas meadas, até o marido chegar.
Foi-lhe assim indicando o que havia de fazer, que em tudo isto seria ajudada sem ela o sentir pelos dez anõezinhos. A mulher assim fez, e se bem o fez melhor lhe saiu. 

Foram-se assim passando os dias, e o marido estava tão pasmado por ver a mulher tornar-se tão arranjada e limpa que lhe disse que assim viveriam como Deus com os anjos.
A mulher contente por se ver agora feliz, foi a casa da Tia Verde-Água agradecer-lhe o favor que lhe fez. 
– Ai, minha Tia, os seus dez anõezinhos fizeram-me um grande serviço! Trago agora tudo arranjado, e o meu homem anda muito meu amigo. O que lhe eu pedia agora é que mos deixasse lá ficar. 
A velha respondeu-lhe: 
– Deixo, deixo. Pois tu ainda não viste os dez anõezinhos? 
– Ainda não; o que eu queria era vê-los. 
– Não sejas tola; se tu queres vê-los olha para as tuas mãos. Os teus dedos é que são os dez anõezinhos. 
A mulher compreendeu o que tinha acontecido, e foi para casa satisfeita consigo mesma por ter aprendido a ter gosto pelo seu trabalho. 

2 comentários:

Unknown disse...

Parabéns! É uma ideia muito fixe! Gostei imenso.
Angélica

Unknown disse...

OI... ideias muitos fixes!!